CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

QUILOMBO - PARTE 2


 Na segunda parte do filme os alunos terão que completar o texto mediante o que assistiu no filme.




QUILOMBO. Produção: Augusto Arraes. Escritor e diretor: Carlos Diegues. Gênero: Drama. Co-produção brasileira e francesa de 1984.Tempo:119 min.

Por volta de 1650, alguns escravos cansados de serem torturados, e por verem muitos negros agonizarem até a morte, resolveram se revoltar e promoveram uma batalha na qual saíram vitoriosos.Depois do grande embate fugiram para as montanhas nordestinas, onde estaria instalado o Quilombo dos Palmares. O grande líder dos escravos era Ganga Zumba, príncipe africano que em pouco tempo tornou-se o rei dos Palmares, foi ajudado por sua mulher Dandara e por seu melhor amigo Acaiúba, e juntos fizeram o Quilombo prosperar.

            Após vencer a guerra contra a Holanda, os portugueses desviam sua ofensiva para Palmares. Mas Ganga Zumba derrotava os brancos com muita bravura e ritos religiosos, e depois de várias vitórias ele torna-se amante de Ana de Ferro, prostituta francesa, que pede asilo dos Palmares. No Quilombo ela assume um papel muito importante, torna-se a conselheira do Rei dos Palmares.

            Depois de muitos anos sequestrado o afilhado e herdeiro do Ganga Zumba volta à montanha, e mais tarde foi consagrado como Zumbi dos Palmares, ao longo do tempo ele aprendeu com Ganga Zumba todas as qualidades de liderança e amor pela nação negra. Depois de vários anos de conflitos o rei dos Palmares discute um tratado de paz com o governador de Pernambuco, mas Zumbi não aceita essa decisão e mantém seu grupo unido para mais uma batalha. Com um exército numeroso e munido com canhões, Domingos Jorge Velho e Caetano Mello e Castro (Governador da Capitania de Pernambuco) atacaram e venceram a batalha contra o Quilombo dos Palmares em 1694.

 A derrota de Zumbi dos Palmares no final do filme não significa o fim do Quilombo, uma vez que o termo quilombo significa organizações de movimento negro que se refere às suas formas de organização política assim definidas pelo próprio governo da época. Estas formas de organização estavam incomodando os governantes, por isso para os dominantes era necessário exterminar esses tipo de organização.

Durante todo o período em que a escravidão foi vigente, os negros tentaram diversas formas de escaparem daquela ordem marcada pela repressão e controle. Dentre as várias manifestações de resistência, os quilombos continuavam funcionavam como comunidades de negros fugidos que conseguiam escapar do controle de seus proprietários
sendo o mais seguro local de refúgio, os escravos escolhiam localidades de difícil acesso que impedissem uma possível recaptura. Além disso, os quilombos também eram estrategicamente próximos de algumas estradas onde poderiam realizar pequenos assaltos que garantissem a sua sobrevivência. Não sendo abrigo apenas de escravos, os quilombos também abrigavam índios e fugitivos da justiça.
Atualmente, as lideranças do movimento negro brasileiro reverenciam a ação heróica dos palmarinos e prestigiam Zumbi como um símbolo de resistência. No dia 20 de novembro, mesma data em que Zumbi foi morto, é comemorado o Dia da Consciência Negra.

O filme conta com a brilhante atuação do ator Toni Tornado no papel de Ganga Zumba, que consegue extrair toda genialidade e simplicidade de sua atuação, transformando seu personagem algo complexo, mas sem exageros. É uma narrativa muito sublime que consegue o melhor de cada ator. Contudo, não podemos afirmar que o filme esclareça com exatidão o que foi a resistência escrava no Brasil colonial, tendo em vista que temos a impressão de estar diante de uma clássica e singular história formada por grandes vilões e heróis.

A presença e força feminina na história é bastante marcante, no tocante a atuação e liderança guerreira, pois essas personagens assumem um papel relevante e decisivo para a prosperidade do quilombo; Acotirene, inicia uma fase de liderança feminina e luta com as forças místicas dos deuses, todavia com o passar do tempo sente à necessidade de passar seu legado para Gamga Zumba. Por sua vez Dandara obscurece seu feminismo, característica bastante comum entre as escravas, e tem seu destaque no filme pelo espírito de guerrilheira na luta pelo sonho da autonomia. Já no início do filme  ela assassina um português que pretendia mantê-la como sua escrava. Nessas condições Dandara torna-se uma mulher a frente de seu tempo, capaz de lutar e conseguir grandes feitos em condições iguais aos homens do quilombo.

Em termos linguísticos e dialéticos o drama apresenta uma linguagem simples e clara, embora muitas vezes são citadas algumas palavras em Grego, Latim e Africano, uma vez que o dialeto africano permeia a obra de forma magnífica e contundente, resgatando no espectador a ideia de que os negros lutaram não apenas por liberdade, mas também para não deixar sua língua e seus costumes morrerem. Permeando sobre a narrativa vemos também que a religião é um ponto marcante na obra, pois mostra a reverencia que africanos têm por seus deuses e orixás, visto que em algumas cenas é possível associar o surgimento do quilombo às experiências religiosas dos descendentes de africano.

No entanto, apesar da retratação inicial dos negros como fugitivos; ao longo do filme é notável a força heróica e guerreira dos escravos, uma vez que lutam e se organizam para montar e manter o quilombo, defendendo sua cultura, negritude e liberdade. 

É sabido afirmar que a questão racial no Brasil tem sido objeto de disputa permanente. Há muito tempo atrás, como já havia citado anteriormente os negros  lutavam pelo direito de liberdade e de ser dono do seu próprio destino, uma vez conquistado esse direito, faz-se necessário seguir outro viés; a luta pelos direitos humanos e igualitários entre as mais variadas etnias.

O Brasil vem lutando para reparar diferenças de oportunidades entre negros, índios e brancos, considerando que os negros têm menos chances de seguir uma profissão e alcançar os mais elevados níveis de graduação, por isso o Governo Federal resolveu oportunizar vagas destinadas a essa etnia, visando amenizar uma divida histórica que tem com os negros. Diante desse histórico ascendente, atualmente as pessoas lutam pelo reconhecimento racial, contexto bem diferente da época vivida pelos personagens do filme Quilombo, já que naquele período os negros não tinham nenhum reconhecimento social nem humano que lhes garantissem algum tipo de direito.

 Entretanto essa tão desejada valorização antropológica está acontecendo nos tempos atuais, devido ao reconhecimento histórico e social das lutas dos povos que ajudaram e deram grandes contribuições para a formação dessa nação.
http://resumoscriticos.blogspot.com.br/2013/07/resumo-critico-do-filme-quilombo.html

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