Foto:
Jonas Ramos / Especial
Considerado fonte de saúde por antigas civilizações, o vinho teve
suas propriedades reforçadas nos últimos anos por pesquisas que
apontavam o consumo moderado da bebida como aliado no combate ao câncer e
a problemas cardíacos. Pois é de um estudo científico da República Checa que vem uma má notícia aos apreciadores da bebida — ou, pelo menos, aos que são sedentários.
Apresentada durante o Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, que se encerra hoje, em Barcelona,
na Espanha, a pesquisa sustenta que beber quantidades moderadas de
vinho não traz benefícios para a saúde do coração, a não ser que o
hábito esteja associado a uma rotina de exercícios físicos.
Ao longo de um ano, pesquisadores do Hospital Universitário de Olomouc
estudaram os efeitos de beber tanto vinho tinto quanto branco em 146
pessoas que apresentavam risco de desenvolver doenças cardiovasculares.
Cada indivíduo tinha de manter um diário de seus hábitos de consumo, uso
de medicamentos e quantidade e tipo de exercício que realizava. Os
cientistas compararam os níveis de colesterol HDL (considerado o
colesterol bom, que age eliminando depósitos de gordura no interior das
artérias) nos participantes. O aumento do índice é um forte sinal de
maior proteção contra doenças cardíacas.
— O vinho não teve qualquer impacto sobre os participantes como um
todo, já que os níveis de HDL permaneceram os mesmos. O único resultado
positivo e contínuo foi no subgrupo de pacientes que se exercitaram
durante o período — explicou o cardiologista Milos Taborsky, autor do estudo.
O grupo que realizou atividades físicas apresentou aumento no
colesterol HDL e queda no colesterol LDL. Quando este último está alto,
pode gerar o acúmulo de placas de gordura no interior das artérias e,
consequentemente, aumenta o risco de doenças cardiovasculares.
Este é o primeiro estudo a longo prazo que comparou os efeitos do
consumo moderado –segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), consumo
moderado de vinho equivale a 200 ml para mulheres, 300 ml para homens, 5
vezes por semana, no máximo – de vinho tinto e branco sobre o
colesterol e outros marcadores de aterosclerose, doença caracterizada
pelo acúmulo de material gorduroso nas paredes das artérias.
— Combinar consumo moderado de vinho e exercício regular melhora
marcadores de aterosclerose, sugerindo que somente esta combinação é
protetora contra doenças cardiovasculares — concluiu Taborsky.
Chefe do serviço de Cardiologia do Hospital de Clínicas de Porto
Alegre, Luis Eduardo Rohde explica que a crença de que o vinho traria
benefícios vem de pesquisas metodologicamente limitadas. O especialista
alerta ser preciso levar em consideração todos os riscos relacionados à
ingestão de álcool:
— Esse estudo sugere que tomar vinho não aumenta o colesterol HDL e
que não necessariamente a combinação entre exercício e vinho tem esse
efeito. Pode ser reflexo apenas do exercício. Seria preciso presquisas
posteriores.
Alerta a jovens acima do peso
O congresso também apresentou um alerta a jovens acima do peso. Uma
equipe de pesquisadores alemães descobriu que crianças obesas enfrentam
risco até seis vezes maior de desenvolver hipertensão do que aquelas com
peso saudável. A pesquisa acompanhou 22 mil crianças e adolescentes por
meio de medições de pressão, índice de massa corporal (IMC) e
circunferência abdominal.
Peter Schwandt, professor da Ludwig Maximilians University e líder da
pesquisa, explicou que a prevalência de hipertensão arterial e
obesidade em jovens continua a aumentar na maioria dos países de renda
alta e média. Ele destacou a importância de exames simples e baratos que
podem indicar os índices de gordura abdominal e alertar sobre os riscos
de doenças.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
EXPRESSE O SEU PENSAMENTO AQUI.