CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

domingo, 12 de outubro de 2014

CULTURA AFRO-BRASILEIRA


capoeira é uma arte brasileira de origem africana.
Os africanos no Brasil conseguiram preservar uma parca herança africana. Todavia, apesar de ter sido pequena, essa herança africana, somada à indígena, deixou para o Brasil, no plano ideológico, uma singular fisionomia cultural. Os negros trazidos como escravos eram capturados ao acaso, em centenas de tribos diferentes e falavam línguas e dialetos não inteligíveis entre si. O fato de todos serem negros não ensejava uma unidade linguístico-cultural quando submetidos à escravidão. A própria religião, que atualmente serve como união entre os afro-brasileiros, na época da escravidão, devido à diversidade de credos, os desunia. Em consequência, a diversidade linguística e cultural trazida pelos escravos, aliada à hostilidade entre as diferentes tribos e à política de evitar que escravos da mesma etnia ficassem concentrados nas mesmas propriedades, impediram a formação de núcleos solidários que retivessem o patrimônio cultural africano.4
A cultura brasileira foi influenciada pela africana, sobretudo nas áreas onde houve maior concentração do elemento negro (no Nordeste açucareiro e nas regiões mineradoras do centro do país). Porém, uma vez inseridos na nova sociedade, nela os escravos foram se aculturando. De fato, enquanto nenhum idioma africano sobreviveu no Brasil, os negros, ironicamente, tiveram papel crucial no "aportuguesamento" do Brasil e na expansão da língua portuguesa. Eles foram o agente de europeização que difundiu a língua do colonizador, ensinando aos escravos recém-chegados o novo idioma e os aculturando no novo ambiente. Assim, o escravo transitava entre o negro boçal, recém-chegado da África, sem saber falar o português ou o falando de forma bastante limitada, sem que isso o impedisse de desempenhar as tarefas mais pesadas. Por outro lado, havia o negro ladino, já adaptado e mais integrado na nova cultura.4
Apesar de não terem conseguido preservar grande parte da sua herança, os africanos conseguiram exercer influência no meio cultural em que se concentraram, influenciando o português falado no Brasil e impregnando todo o contexto cultural com o pouco que pode preservar. Nessa esteira, por exemplo, o catolicismo no Brasil assumiu características populares mais discrepantes que qualquer das heresias tão perseguidas em Portugal. A influência africana sobreviveu, em grande parte, pelo menos no plano ideológico, nas crenças religiosas e nas práticas mágicas, nas reminiscências rítimicas e musicais e nos gostos culinários dos brasileiros.4
Uma das consequências do comércio de escravos foi estabelecer contato entre o que estava afastado, provocando a convivência de pessoas de diferentes origens e determinando a miscigenação, não somente biológica, mas também cultural. Ao chegarem ao Brasil, os africanos deviam adotar, em princípio, um modo de vida calcado no de seus senhores. Entretanto, é preciso assinalar que, em contato com seus senhores os escravos se europeizavam, por uma curiosa reviravolta, estes mesmos senhores se africanizavam em contato com seus escravos.65
A Bahia se africanizava e em toda parte se encontrava o negro, com sua cultura, seus costumes, seu inconsciente. Mesmo sem o querer, ele os transmitia à nova sociedade na qual estava integrado à força, e sem perceber, era assimilado o que o negro ensinava. A sociedade organizada segundo as normas portuguesas não levava em conta que uma tal influência fosse possível. Entretanto, ela se fazia sentir, lenta e discretamente, de maneira tanto mais eficaz porquanto não tinha caráter combinado e deliberado, o que, na época, teria provocado uma viva oposição.66

Influência no português falado no Brasil[editar | editar código-fonte]

Atualmente, nenhum idioma africano é falado correntemente no Brasil. Hoje, a maioria dos pesquisadores acreditam quedialetos crioulos devem ter existido no país no passado, mas todos tiveram existência efêmera. Contudo, nos 400 anos que a língua portuguesa teve contato com os idiomas africanos no Brasil, diversas influências dessas línguas foram absorvidas na fala brasileira.67 68 69
Os escravos oeste-africanos foram numerosos no Brasil, contudo exerceram uma menor influência no português. Dentre as línguas oeste-africanas, também chamadas de “sudanesas”, as mais importantes foram as da família kwa, faladas no Golfo do Benim. Seus principais representantes no Brasil foram os iorubás e os povos de línguas do grupo ewe-fon, conhecidos antigamente como minas ou jejes. A influência das suas línguas hoje se limitam sobretudo aos léxicos relacionados àsreligiões afro-brasileiras (IemanjáXangôOxumOxóssi etc.)68
português do Brasil foi influenciado mais profundamente pelas línguas bantas, dada a antiguidade da presença desses africanos na colônia, sendo que veio da região banta da África o maior número de escravos recebidos pelo Brasil e eles se espalharam por diversas regiões do território brasileiro. Os idiomas deste ramo que mais tiveram força no Brasil foram o quicongo, o quimbundo e o umbundo. O quicongo é falado na República Popular do Congo, na República Democrática do Congo e no norte de Angola. O quimbundo é a língua da região central de Angola, enquanto o umbundo é falado no sul de Angola e em Zâmbia.68
A influência africana no português do Brasil não se limitou ao enriquecimento com a encorporação de novas palavras, mas também influenciou a fonética, a morfologia, a sintaxe, a semântica, o ritmo das frases e a música da língua. Na fonologia, a tendência do brasileiro de omitir as consoantes finais das palavras e transformá-las em vogais (falá no lugar de falar, dizêno lugar de dizer, Brasiu no lugar de Brasil) assemelha-se à estrutura sibálica banto e iorubá, que nunca termina em consoante. Por influência africana, os ditongos ei e ou, reduziram-se na língua popular do Brasil (chêro no lugar de cheiro, pêxe no lugar de peixe e bêjo no lugar de beijo). Também se atribui à influência negra as aféreses violentas encontradas na fala brasileira (tá no lugar de está, ocê no lugar de você, cabar no lugar de acabar) entre outras influências.67 68 69
Renato Mendonça conseguiu arrolar cerca de 350 palavras de origem africana usadas no português do Brasil, enquanto que Yeda Pessoa de Castro encontrou 3 mil termos de reconhecida proveniência africana em sua pesquisa de campo na Bahia.67 Muitas dessas palavras ainda não constam nos dicionários brasileiros, devido à falta de novas pesquisas na área.69 Muitas palavras usadas no Brasil e originárias de idiomas africanos não existem ou são pouco usadas no português de Portugal, vez que se limitam à realidade brasileira, tais como acarajévatapáberimbaubobó, cafuné (estalidos com o polegar no alto da cabeça), moleque (menino, garoto), cambada (corja, súcia), canjicaquilombo, sinhá (forma popular de senhora) e várias outras. Certos léxicos portugueses caíram em desuso no Brasil e foram substituídos por palavras de origem africana.

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