São João Bosco
Figura
ímpar nos anais da santidade no século XIX, D. Bosco foi
escritor, pregador e fundador de duas congregações
religiosas, tendo sobretudo exercido admirável apostolado
junto à juventude, numa época de grandes transformações.
Dotado de discernimento dos espíritos, do dom da profecia e
dos milagres, era admirado pelos personagens mais conhecidos
da Europa no seu tempo.
Papa João XXIII
Nasceu
no dia 25 de Novembro de 1881 em Sotto il Monte, diocese e
província de Bérgamo (Itália), e nesse mesmo dia foi
baptizado com o nome de Ângelo Giuseppe; foi o quarto de
treze irmãos, nascidos numa família de camponeses e de tipo
patriarcal. Ao seu tio Xavier, ele mesmo atribuirá a sua
primeira e fundamental formação religiosa. O clima religioso
da família e a fervorosa vida paroquial foram a primeira
escola de vida cristã, que marcou a sua fisionomia
espiritual.
Ingressou no Seminário de Bérgamo, onde estudou até ao
segundo ano de teologia. Ali começou a redigir os seus
escritos espirituais, que depois foram recolhidos no "Diário
da alma". No dia 1 de Março de 1896, o seu diretor
espiritual admitiu-o na ordem franciscana secular, cuja
regra professou a 23 de Maio de 1897.
De
1901 a 1905 foi aluno do Pontifício Seminário Romano, graças
a uma bolsa de estudos da diocese de Bérgamo. Neste tempo
prestou, além disso, um ano de serviço militar. Recebeu a
Ordenação sacerdotal a 10 de Agosto de 1904, em Roma, e no
ano seguinte foi nomeado secretário do novo Bispo de Bérgamo,
D. Giacomo Maria R. Tedeschi, acompanhando-o nas várias
visitas pastorais e colaborando em múltiplas iniciativas
apostólicas: sínodo, redação do boletim diocesano,
peregrinações, obras sociais. Às vezes era também professor
de história eclesiástica, patrologia e apologética. Foi
também Assistente da Ação Católica Feminina, colaborador no
diário católico de Bérgamo e pregador muito solicitado, pela
sua eloqüência elegante, profunda e eficaz.
Naqueles anos aprofundou-se no estudo de três grandes
pastores: São Carlos Borromeu (de quem publicou as Actas das
visitas realizadas na diocese de Bérgamo em 1575), São
Francisco de Sales e o então Beato Gregório Barbarigo. Após
a morte de D. Giacomo Tedeschi, em 1914, o Pade Roncalli
prosseguiu o seu ministério sacerdotal dedicado ao
magistério no Seminário e ao apostolado, sobretudo entre os
membros das associações católicas.
Em
1915, quando a Itália entrou em guerra, foi chamado como
sargento sanitário e nomeado capelão militar dos soldados
feridos que regressavam da linha de combate. No fim da
guerra abriu a "Casa do estudante" e trabalhou na pastoral
dos jovens estudantes. Em 1919 foi nomeado diretor
espiritual do Seminário.
Em
1921 teve início a segunda parte da sua vida, dedicada ao
serviço da Santa Igreja. Tendo sido chamado a Roma por Bento
XV como presidente nacional do Conselho das Obras
Pontifícias para a Propagação da Fé, percorreu muitas
dioceses da Itália organizando círculos missionários.
Em
1925, Pio XI nomeou-o Visitador Apostólico para a Bulgária e
elevou-o à dignidade episcopal da Sede titular de Areopolis.
Tendo
recebido a Ordenação episcopal a 19 de Março de 1925, em
Roma, iniciou o seu ministério na Bulgária, onde permaneceu
até 1935. Visitou as comunidades católicas e cultivou
relações respeitosas com as demais comunidades cristãs.
Atuou com grande solicitude e caridade, aliviando os
sofrimentos causados pelo terremoto de 1928. Suportou em
silêncio as incompreensões e dificuldades de um ministério
marcado pela táctica pastoral de pequenos passos. Consolidou
a sua confiança em Jesus crucificado e a sua entrega a Ele.
Em
1935 foi nomeado Delegado Apostólico na Turquia e Grécia:
era um vasto campo de trabalho. A Igreja tinha uma presença
ativa em muitos âmbitos da jovem república, que se estava a
renovar e a organizar. Mons. Roncalli trabalhou com
intensidade ao serviço dos católicos e destacou-se pela sua
maneira de dialogar e pelo trato respeitoso com os ortodoxos
e os muçulmanos. Quando irrompeu a segunda guerra mundial
ele encontrava-se na Grécia, que ficou devastada pelos
combates. Procurou dar notícias sobre os prisioneiros de
guerra e salvou muitos judeus com a "permissão de trânsito"
fornecida pela Delegação Apostólica. Em 1944 Pio XII
nomeou-o Núncio Apostólico em Paris.
Durante os últimos meses do conflito mundial, e uma vez
restabelecida a paz, ajudou os prisioneiros de guerra e
trabalhou pela normalização da vida eclesial na França.
Visitou os grandes santuários franceses e participou nas
festas populares e nas manifestações religiosas mais
significativas. Foi um observador atento, prudente e repleto
de confiança nas novas iniciativas pastorais do episcopado e
do clero na França. Distinguiu-se sempre pela busca da
simplicidade evangélica, inclusive nos assuntos diplomáticos
mais complexos. Procurou agir sempre como sacerdote em todas
as situações, animado por uma piedade sincera, que se
transformava todos os dias em prolongado tempo a orar e a
meditar.
Em
1953 foi criado Cardeal e enviado a Veneza como Patriarca,
realizando ali um pastoreio sábio e empreendedor e
dedicando-se totalmente ao cuidado das almas, seguindo o
exemplo dos seus santos predecessores: São Lourenço
Giustiniani, primeiro Patriarca de Veneza, e São Pio X.
Depois
da morte de Pio XII, foi eleito Sumo Pontífice a 28 de
Outubro de 1958 e assumiu o nome de João XXIII. O seu
pontificado, que durou menos de cinco anos, apresentou-o ao
mundo como uma autêntica imagem de bom Pastor. Manso e
atento, empreendedor e corajoso, simples e cordial, praticou
cristãmente as obras de misericórdia corporais e
espirituais, visitando os encarcerados e os doentes,
recebendo homens de todas as nações e crenças e cultivando
um extraordinário sentimento de paternidade para com todos.
O seu magistério foi muito apreciado, sobretudo com as
Encíclicas "Pacem in terris" e "Mater et magistra".
Convocou o Sínodo romano, instituiu uma Comissão para a
revisão do Código de Direito Canônico e convocou o Concílio
Ecumênico Vaticano II. Visitou muitas paróquias da Diocese
de Roma, sobretudo as dos bairros mais novos. O povo viu
nele um reflexo da bondade de Deus e chamou-o "o Papa da
bondade". Sustentava-o um profundo espírito de oração, e a
sua pessoa, iniciadora duma grande renovação na Igreja,
irradiava a paz própria de quem confia sempre no Senhor.
Faleceu na tarde do dia 3 de Junho de 1963.
Luís Orione
Nasceu
em Pontecurone, um pequeno município na Diocese de Tortona,
no Norte da Itália, no dia 23 de junho de 1872. Aos treze
anos foi recebido como Aspirante num Convento Franciscano em
Voghera, uma cidade próxima na Região de Pavia; saiu um ano
depois devido a doença. De 1886 a 1889 foi aluno de Dom
Bosco no Oratório Salesiano de Valdocco em Turim.
No dia
16 de outubro de 1889 entrou no Seminário Diocesano de
Tortona. Ainda jovem seminarista se dedicava a obras de
solidariedade para com os necessitados, participando da
«Sociedade de Socorro Mútuo São Marciano» e das Conferências
Vicentinas. No dia três de Julho de 1892 abriu seu primeiro
Oratório, um centro de educação cristã e de recreação para
os meninos pobres. No ano seguinte, no dia 15 de Outubro de
1893, Orione um seminarista de 21 anos, fundou no Bairro de
São Bernardino um Colégio, com escola em regime de
internato, para rapazes de famílias pobres.
No dia
13 de abril de 1895, Luís Orione foi ordenado sacerdote e,
no mesmo dia, o bispo deu a batina a seis alunos do Colégio
com vocação sacerdotal. Numa seqüência rápida, o Pe. Luís
Orione abriu novas fundações em Mornico Losana na Região de
Pavia, em Noto na Sicília, em Sanremo e em Roma.
Ligados a Dom Orione se uniram Seminaristas e Padres que
formaram o primeiro núcleo de uma nova Família Religiosa a
«Pequena Obra da Divina Providência». Em 1899 Dom Orione deu
início a mais um Ramo da nova Congregação: os «Eremitas da
Divina Providência». O Bispo de Tortona, Dom Igino Bandi,
com Decreto datado de 21 de Março de 1903, deu aprovação
canônica aos «Filhos da Divina Providência», Congregação
Religiosa de Padres, Irmãos e Eremitas da Família da Pequena
Obra da Divina Providência. A Congregação e toda a Família
Religiosa se propunha «trabalhar para levar os pequenos os
pobres e o povo à Igreja e ao Papa, mediante obras de
caridade», desejando consagrar-se com um IV Voto «de
especial fidelidade ao Papa». Já nas Primeiras Constituições
de 1904 constava também o propósito de «trabalhar pela união
das Igrejas Separadas».
Animado por uma grande paixão pela Igreja e pelas Almas, Dom
Orione se envolveu ativamente nos problemas emergente da
época: a luta pela liberdade e a unidade da Igreja, a
questão romana, o modernismo, o socialismo, a evangelização
das massas operárias. Dom Orione teve atuação heróica no
socorro às vítimas dos terremotos de Reggio e Messina (1908)
e da Marsica (1915). Por decisão do Papa São Pio X, foi
nomeado Vigário Geral da Diocese de Messina por 3 anos.
Vinte
anos depois da fundação dos Filhos da Divina Providência, em
29 de junho de 1915, surgiu como novo ramo a Congregação das
«Pequenas Irmãs Missionárias da Caridade», Religiosas
movidas pelo mesmo carisma fundacional. Ao novo ramo se
associaram as «Irmãs Sacramentinas Adoradoras não videntes»
e algum tempo depois as «Contemplativas de Jesus
Crucificado».
O Pe.
Luís Orione se empenhou em organizar grupos Leigos: as
«Damas da Divina Providência», os «Ex-Alunos» e os «Amigos».
Nos anos seguintes, outros grupos foram constituídos como o
«Instituto Secular Orionita - ISO» e o amplo leque de
Associações do «Movimento Laical Orionita - MLO».
Depois
da primeira Grande Guerra (1914-1918) multiplicaram-se as
escolas, colégios, colônias agrícolas, obras caritativas e
sociais. Entre as muita obras, as mais características foram
os «Pequenos Cotolengos», instituições destinadas aos mais
sofredores e abandonados, localizadas nas periferias das
grandes cidades, para serem «novos púlpitos» a anunciarem
Jesus Cristo e sua Igreja e para serem «faróis de fé e de
civilização».
O zelo
missionário de Dom Orione cedo se manifestou com o envio de
Missionários ao Brasil em 1913 e, em seguida à Argentina e
ao Uruguai (1921), à Palestina (1921), à Polônia (1923), a
Rodes (1925), aos Estados Unidos (1934), á Inglaterra (1935)
e à Albânia (1936). Dom Orione esteve pessoalmente como
missionário, duas vezes, na América Latina: em 1921 e nos
anos de 1934 a 1937, no Brasil, na Argentina e no Uruguai,
tendo chegado até ao Chile.
Recebeu grandes demonstrações de estima de Papas e de
Autoridades que lhe confiaram missões importantes e
delicadas, para sanar feridas profundas no seio da Igreja e
da Sociedade e em difíceis situações de relacionamentos
entre a Igreja e a Sociedade civil. Foi Dom Orione pregador
popular, confessor e organizador de peregrinações, de
missões populares e de presépios vivos. Grande devoto de
Nossa Senhora, propagou de todos os modos a devoção mariana
e ergueu santuários, entre os quais o de Nossa Senhora da
Guarda em Tortona e o de Nossa Senhora de Caravaggio; na
construção desses santuários será sempre lembrada a
iniciativa de Dom Orione de colocar seus clérigos no
trabalho braçal ao lado dos mais operários civis.
Em
1940, Dom Orione atacado por graves doenças de coração e das
vias respiratórias foi enviado e praticamente forçado pelos
médicos e confrades a se retirar para Sanremo; foi para lá
protestando: «não é entre as palmeiras que eu quero viver e
morrer, mas no meio dos pobres que são Jesus Cristo». E ali,
três dias depois de ter chegado, morreu no dia 12 de Março,
sussurrando suas últimas palavras: «Jesus! Jesus! estou
indo».
O
corpo foi sepultado devotamente na cripta do Santuário da
Guarda e encontrado incólume vinte e cinco anos depois, em
1965. No dia 26 de Outubro de 1980, João Paulo II declarou
Dom Orione bem-aventurado.
Margarida Maria Lópes de Maturana (1884-1934)
Nasceu
em Bilbao, a 25 de Junho de 1884. A sua vida foi a resposta
devota e generosa à chamada de Deus. O dom total da sua vida
a Deus nasceu de um amor pessoal, profundo e generoso por
Jesus Cristo, por quem se apaixonou e a quem queria seguir e
fazer conhecer. Entrou no Mosteiro de clausura das Mercês de
Bérriz, onde experimentou uma vida de oração na intimidade
com Ele.
Após
alguns anos abriu as portas do Mosteiro fechadas durante
quatro séculos de clausura a fim de que pudessem sair as
primeiras monjas Mercedárias Missionárias destinadas a
fundar no Extremo Oriente. Tinha início a sua grande obra: o
Mosteiro promoveu uma obra missionária entusiasta que, em
breve, deu origem ao Instituto das Mercedárias Missionárias
de Bérriz.
A 19
de Setembro de 1926 partiu o primeiro grupo de missionárias
de Bérriz para a missão de Wuhu (China). Tinha iniciado o
"êxodo" missionário daquelas mulheres contemplativas,
apoiadas e animadas, em todos os momentos, pelo
encorajamento de Margarita, então ex-Superiora do Mosteiro.
Em seguida, outras missionárias partiram para Tóquio, Saipan
(Ilhas Marianas), e Panapé (Ilhas Carolinas). Ela cuidou com
grande dedicação da formação das religiosas do Mosteiro para
aquele novo serviço e para o testemunho missionário, para o
qual o Senhor as tinha chamado. Em pouco tempo o Instituto
das Mercedárias Missionárias de Bérriz foi aprovado e
abençoado pela Igreja (Janeiro de 1930).
Na
plenitude dos seus cinqüenta anos, após uma dolorosa
enfermidade, que contudo não a distanciou das suas
responsabilidades na guia do novo Instituto e nem da sua
vida de amor e de dedicação missionária, Margarita foi
chamada definitivamente por Deus. Deixou este mundo no dia
23 de Julho de 1934.
Atualmente o Instituto das Mercedárias Missionárias de
Bérriz está presente em cinco continentes. As suas
comunidades dedicam-se com entusiasmo à tarefa da redenção
libertadora dos mais carentes, desejosas de manter com
fidelidade a atitude missionária e profundamente
humanizadora de Margarita. Conservam com afeto a sua
herança: ser mulheres abertas à vida que seguem as pegadas
de Jesus e o seu estilo de vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
EXPRESSE O SEU PENSAMENTO AQUI.