CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

quinta-feira, 20 de abril de 2017

HOMILIA DIÁRIA

Quinta-feira, 20 de abril de 2017
Lc 24,35-48
O evangelista faz um gancho com o texto do encontro de Jesus ressuscitado com os discípulos de Emaús, trazendo à tona duas coisas importantes: o diálogo do caminho, no qual Jesus fez-se de exegeta das Escrituras, mostrando a ligação entre a promessa e a ressurreição, e o reconhecimento de Jesus no partir do pão, isto é, na ceia. Na verdade, essa é a estrutura da Santa Missa, compreendida em duas grandes partes: da Palavra e da Eucaristia.
“Eles ficaram assustados e cheios de medo”. Tratava-se da dúvida que os atormentava. Não era clara para eles a questão da ressurreição. Concebiam uma vida de intimidade com Jesus na experiência histórica, mas não num estado pós-morte, algo inusitado pela sua realidade e desconhecido por causa da ignorância quanto às Escrituras. A nova realidade de Jesus exigia o dom da fé. Em si mesma, a razão não podia ver senão o fantasma. O pensamento grego também não ajudava muito, uma vez que ensinava a imortalidade da alma, desgarrada do corpo. Em outras palavras, tanto pelo contexto semita (Israel) quanto pela realidade grega e também pela ignorância deles, era impossível chegar à fé no Ressuscitado.
Lucas não está preocupado em fazer um relato jornalístico, uma crônica dos fatos, mas uma síntese que apresenta a teologia dessa realidade nova de Jesus, da recepção dos Seus discípulos e a fundamentação da fé deles na intimidade com o Ressuscitado e o querigma, o anúncio da salvação. Para isso, é necessário o conhecimento da vitória de Jesus, que, ao se alimentar do peixe oferecido, deixa clara sua perfeita identidade pessoal, revelando sua nova condição gloriosa, mas não uma outra pessoa, mas o mesmo Jesus que com eles viveu, os ensinou, realizou milagres, sofreu e morreu na cruz. Diante deles está o mesmo Jesus histórico em estado de glória, livre das amarras do tempo e do espaço, das necessidades corporais e das leis da natureza. Diferentemente do que pensavam os gregos, é Ele mesmo no seu corpo, alma e divindade, a pessoa toda. Jesus não é um fantasma, portanto.
“Então Jesus abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras”. Lc evidencia a necessidade de se ter comunhão com Jesus para se conhecer a Palavra de Deus. Nesse sentido, Jesus é apresentado como a chave legítima de interpretação da Revelação de Deus. O conhecimento das Escrituras exige a centralidade de Cristo, a reflexão a partir de Jesus e em vista Dele. Daí porque os discípulos precisaram ser conduzidos pelo próprio Jesus à verdade da Ressurreição. De outro modo, seria impossível a continuidade do discipulado de Cristo. Socialmente falando, os discípulos não tinha condições nenhuma de permanecer nessa obediência a alguém que foi colocado na cruz como um “maldito de Javé” (Dt 21,23). Além disso, já estavam indo pra suas casas, seus afazeres; temiam os líderes de Israel; e estavam devastados pelo acontecimento, frustrados quanto ao sonho de um Messias davídico.
A ressurreição não é uma invenção, mas a mais elevada expressão de transformação de uma Igreja, que além de superar tudo que lhes era contrário, lança-se na missão evangelizadora em contextos totalmente indiferentes ao conteúdo pregado, como: morte e ressurreição de alguém, e ainda o faz absolutamente desapegada dos bens terrenos e cheia de alegria, aprofundando sempre mais o conhecimento da Palavra a partir de Cristo, convidando à conversão e a proclamando o perdão. Tudo isso, por causa da presença e ação do Espírito Santo, que dá liberdade e coragem à Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo

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