Mt 6,1-6.16-18
1. “Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles”. Essa, infelizmente, era a realidade das lideranças de Israel e de muitos fanáticos religiosos daquele tempo e dos tempos atuais. Jesus quer formar Seus discípulos conforme o pensamento de Deus manifestado NELE. Quem se reveste do manto da religiosidade e persevera na lógica do mundo torna-se hipócrita em ambas situações. Nem será autêntico na fé nem na mentalidade pagã. Trata-se de uma vida desprezível, pelo próprio Jesus. A vida de quem deseja agradar a todo mundo não presta nem para ele próprio e se torna, além disso, um peso para todos, e se exprime num contínuo jogo de falsidade. No fundo, quem a isso abraça, manifesta um irresistível desejo de aparecer, servindo-se da caridade, da oração e do jejum, mas tudo feito apenas com o sentido de glória pessoal. Jesus, por outro lado, ensina a lógica de Deus.
2. A prática da caridade (esmola) era feita com muita propaganda pelos fariseus. Jesus, criticando tal atitude hipócrita, cita metaforicamente a trombeta como sinal de divulgação da própria imagem, do "bem realizado", certamente para se obter o "louvor das pessoas", para serem bem vistos, respeitados e até mesmo amados. Para Jesus, isso significa uma busca incansável por si mesmo, para o bem próprio, para a satisfação pessoal às custas dos necessitados. Jamais um discípulo de Cristo deve agir dessa forma. Aquele ou aquela que se tornaram discípulos de Jesus devem praticar o bem, tendo em vista o bem do outro e a sua salvação, bem como colocando-se exclusivamente diante de Deus e não dos homens.
3. A oração não deve ser feita com o objetivo de atrair o respeito e a admiração das pessoas. Isso era muito comum entre os judeus. Não é que Jesus condene orar publicamente, mas condena toda e qualquer forma de oração que não seja uma expressão de fé, louvor e adoração a Deus no silêncio da própria alma, ausente de qualquer possibilidade de instrumentalização da oração em vista de interesses individualistas, contrários à realidade mesma dela. A oração deve ser um permanente colocar-se diante de Deus e para Ele absolutamente.
4. A prática do jejum sempre esteve presente na vida religiosa. No mundo judaico, era necessário jejuar uma vez por ano. Muitos jejuavam até duas vezes por semana. As motivações para isso são as mesmas citadas acima: interesse individualista, busca de respeito e a utilização da máscara de santidade. Esmola, oração e jejum eram, na verdade, o tripé da hipocrisia, condenada por Jesus, que não condena tal prática, mas a ela dá o seu verdadeiro sentido: o discípulo, depois da Ascensão do Mestre, jejuará na expectativa da segunda vinda do Senhor, também no sentido de percepção de sua própria limitação humana, a fim de entender melhor aquele ou aquela que passa necessidade e colocar-se à disposição de todos, e, ainda, para que, descobrindo sua própria miséria, reconheça a infinita bondade de Deus.
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo
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