CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

sábado, 22 de julho de 2017

JESUS QUER NOS SALVAR

XVI Domingo do Tempo Comum, 23 de julho de 2017
Mt 13,24-43
1. A clareza dos ensinamentos de Jesus pertence aos Seus discípulos. Jesus mesmo é o que semeia a boa semente, que são os filhos do Reino; o campo é o mundo; o joio são os filhos do maligno; o adverário é o diabo; a colheita é o fim do mundo; os ceifeiros são os anjos. Na verdade, o texto trata de uma questão não somente escatológica, dando ênfase não à semeadura, mas à colheita, mas também a realidade mesma da comunidade crista. Por isso, contradiz a impaciência messiânica dos seguidores de Jesus, afastamdo a ideia de uma comunidade de “puros”, desligados da realidade do mundo. Os discípulos devem ter os olhos fixos na justiça de Deus, mesmo habitando em um campo envolvido também com as injustiças. Não pertence a eles fazer justiça de qualquer jeito, procurando imediatamente eliminar os inimigos. Essa seria uma forma de conservação do farisaismo, uma expressão clara de hipocrisia, uma vez que todos somos pecadores. Além disso, seria uma tremenda traição tanto aos ensinamentos quanto a prática do próprio Jesus. A eles não cabe a colheita, mas tão somente a semeadura.
2. Duas atitudes marcam esse texto: a atitude do inimigo em provocar a destruição do trigo; e a atitude do agricultor em conservar até mesmo o joio, a fim de que não se perca nenhum pé de trigo. Além disso, é possível ser observada a paciência do agricultor. Sua preocupação é com o futuro, isto é, com a colheita, sem perder nenhum dos Seus. Por outro lado, sinaliza também para a sorte dos que vivem na inimizade com Deus. Alguém pode até afirmar a misericórdia do Senhor, mas nada justifica uma vida livre na contramão da fé, na adversidade, numa experiência contumaz no pecado, e, ainda, ser acolhido como “bem-vindo” ao Reino de Deus. O futuro glorioso depende, principalmente da iniciativa de Deus, mas também da resposta consciente de cada um.
3. A comunidade cristã se desenvolve no meio de um mundo onde muitos adversários do Senhor também o habitam. A Igreja não tem como existir no mundo separada de tudo. Não é possível compreender uma história com clareza total entre o bem e o mal e nem separá-los absolutamente nas instituições e pessoas enquanto agem num campo de batalha. A separação final dar-se-á no futuro, no juizo final. Até mesmo dentro de cada um existe uma verdadeira luta do que é bom contra as coisas que só atrapalham uma vida de santidade. É necessário se manter vivo na batalha, sabendo que, na medida em que se vai colocando diante de Deus, obedecendo Sua vontade e se formando na Palavra de Salvação, fortalece-se a própria vida e tende, por força da graça de Deus, à vitória. Cada um e a própria comunidade não podem adormecer na fé e no bem. Que os discípulos sejam patrocinadores do bem, sejam motivadores da vida e da vivência na verdade, sejam sempre portadores da salvação, justamente o contrário dos que são representados pelo joio, que fazem os outros pecar, praticando o mal. O resultado final é que para os discípulos e discípulas se deve a comunhão com Deus, mas para os inimigos, a condenação eterna.
4. O Reino de Deus parece impotente diante do mal no mundo. A comparação com um grão de mostarda revela alguns pontos importantes a serem aprofundados. Vemos primeiro o mistério da Encarnação do Verbo. Ele sendo Deus quis ser um ser humano, num contexto social desvalorizado, como o de Nazaré, sem expressão política e econômica, sem reconhecimento diante das autoridades de Israel, lugar de pobreza em todos os sentidos, segundo o pensamento dos homens. Em tal realidade se coloca à semelhança de uma semente que deve ser colocada debaixo da terra para poder brotar. Quando cresce, não abraça a glória do mundo, os anseios messiânicos do povo de Deus. Pelo contrário segue à risca a condição de Servo, sem expressão, aparentemente sem futuro, zombado por muitos, rejeitado por tantos, caluniado de maldito diante do Senhor. Morre como um excomungado, odiado por aqueles pelos quais estava dando sua vida. Em contrapartida, ele amava a todos, sendo a transparência do amor do Pai pela humanidade, e do Espírito, que se deixou entregar a fim de que todos alcançassem a salvação. De fato, amando e sendo odiado, foi para a terra como uma semente, depois de ter formado os Seus. No TERCEIRO DIA, brotou com todo o Seu vigor, glorificado e casa de glorificação para os que a Ele se identificarem.
5. Diante do gigantismo da massa, o fermento manifesta sua força transformadora. Início humilde, mas fecundo, preparado com o húmus do amor, da verdade e da justiça. Uma base que exigia somente amor, verdade e fé, tudo envolto no manto da esperança em Cristo Ressuscitado. Assim, Jesus formou Sua Igreja, que a partir dos apóstolos, pela força de Deus, o Espírito Santo, dado como Alma para a Esposa de Cristo, saiu pelo mundo, como uma rede lança ao mar, como um semeador lançando, despreocupadamente, a semente, como um fermento na massa, trigo no meio do joio, a fim de salvar a humanidade inteira. A Igreja, instrumento da salvação de Deus, faz parte do Reino e se identifica com ele na sua realidade espiritual. Expandindo-se pelo mundo, revela o crescimento da semente e o desenvolvimento da massa, envolvida com o fermento.
6. O crescimento do Reino não é simplesmente um dado quantitativo, mas da pessoa toda em sua vida interior. É um caminho contínuo de conversão. É um dar passos na direção de Cristo, é um configurar-se com Ele a cada instante. A Igreja é muito mais árvore frondosa na qualidade espiritual do que em sua realidade quantitativa. Tanto na universalidade da Igreja quanto na individualidade de cada um de seus membros, o mais importante é a configuração a Jesus Ressuscitado.
7. O Verbo não temeu se misturar com o ser humano, tornando-se um também. Depois, não temeu falar para os pecadores, comer com eles e ser identificado com os pobres. Ele foi fermento no meio da massa, realidade que não pode ser descartada por quem deseja viver um verdadeiro discipulado, uma autêntica vida cristã. Quem desenvolve uma certa espiritualidade de afastamento dos pecadores, a fim de não se contaminar, está seguindo ditames próprios de prepotência. Não confundamos separação dos pecadores com desejo de viver absolutamente para Cristo em contemplação. Uma é orgulho, a outra é chamado missionário humilde e oracional. O importante é que cada um posso tornar sua vida uma possibilidade de salvação para o outro.
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo

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