CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

sábado, 29 de julho de 2017

O DOMINGO DA REFLEXÃO

Mt 13,44-52
1. O ensinamento de Jesus é ambientado. Ele nunca procura falar de modo abstrato, distante da realidade das pessoas. Serve-se sempre de pessoas ou elementos da natureza para, com simplicidade, explicar as realidades salvíficas, isto é, os mistérios de Deus para nossa salvação. Nossa linguagem é fundamentada no nosso contexto e na realidade de nossa pessoa. Daí que nosso aprendizado não pode dar-se fora do âmbito do nosso universo simbólico. Por outro lado, não havia em Jesus interesse de se mostrar abarrotado de conhecimento, mas conduzir-nos ao conhecimento das “coisas do alto”. Mais importante de tudo, Sua preocupação em que entendêssemos o significado do Seu Reino e a forma mais perfeita de transmiti-lo. Nesse sentido, as parábolas se tornam o meio mais eloquente de transmissão de conheciemnto pelo fato mesmo de usar pessoas ou realidades próximas a nós, do nosso cotidiano.
2. Onde está o Reino? Ele está ali, bem próximo, em algum lugar possível de ser encontrado. Deus o revelou, Ele o fez presente na história de modo pessoal. Não diz respeito somente a virtudes, mas a uma pessoa mesmo, Jesus Cristo Nosso Senhor. É o que nos diz a parábola do tesouro escondido no campo. Um homem encontra o tesouro, alegra-se com ele, esconde-o e compra aquele campo onde se encontra o tesouro. É importante frisar que a posse do tesouro exige sacrifiício e renúncia. Não se pode colocar a mão nele sem compromisso, respeito, admiração e obediência à verdade. Ao encontrar o tesouro, o homem precisa certificar-se de sua condição correta de possuí-lo. Não se trata, portanto, de qualquer tesouro. Há muitos tesouros em nossa vida, mas UM é especial. Convém notar também que a alegria da descoberta se transforma na capacidade de renúncia de todos os bens. Ele vai vende tudo o que tem só pra ficar com o tesouro. Certamente, não basta encontrá-lo, mas principamente entrar nele. Aqui há uma referência aos acontecimento do contexto em que, por causa das constantes guerras, muitos escondiam tesouros e, muitas vezes, não tinham mais acesso a eles. Outro, no futuro o encontrava e, certamente, alegrava-se muito com tal achado importante. Pois bem, a alegria pela descoberta do Reino é maior do que a descoberta do mais importante tesouro da face da terra.
3. Seguindo na mesma ideia, Jesus conta a parábola do tesouro. Um comerciante de pérolas preciosas, homem já rico, também se depara com o Reino de Deus, aqui simbolizado por uma pérola. A ele também é oferecido o Reino, a possibilidade de uma vida nova, que vem de um encontro com Jesus, a PÉROLA por antonomásia. A Pérola da salvação é dada por iniciativa de Deus, mas espera da nossa parte uma resposta, que está ligada à nossa realidade interior de procura pelo bem maior. Sempre nos encontramos na busca pela plenitude, pelo bem supremo, pela nossa realização. Jesus oferece-nos o que realmente plenifica-nos. Aquele comerciante, depois de ter encontrado a pérola, vendeu tudo que tinha, despojou-se totalmente do que considerava valoroso, para ficar exclusivamente com a pérola de valor inigualável. Ele descobriu o Reino e também entrou nele. Teve um encontro com Jesus Cristo e permaneceu com Ele para sempre. Tanto nesta quanto na parábola do tesouro, Jesus se mostra como sendo, Ele próprio, o mais importante, o Reino querido por Deus e pertencente a Ele.
4. Por último, a parábola da rede de pesca. Essa parabola se encontra somente em Mt e se assemelha muito à parabola do trigo e do joio. Também, no geral, mostra a paciência de Deus e a impaciência de quem deseja que tudo seja transformado a todo custo. Deus respeita o tempo dos homens. O contexto faz referência ao final de uma jornada de trabalho. Para os Pescadores não existe outro objetivo senão de pegar muitos bons peixes. O pior acontece quando não pegam nada (cf. Jo 21,3). A referência aos “peixes bons” quer significar homens e mulheres que procuram, no seu dia a dia, fazer a vontade de Deus. São aqueles que colocam Deus em primeiro plano, aqueles que estão sempre na visão do Senhor. Por outro lado, os “peixes maus” indicam aqueles que, desprezando a vontade de Deus, entregam-se aos seus próprios desejos, seus ideais e, ainda, além de agirem contra si mesmos, fazem de suas vidas instrumentos de transtornos para os demais, causando-lhes males terríveis. Os ditos “peixes maus” são também aqueles que praticam toda sorte de inveja, discórdia, maledicências, divisões, egoísmo, corrupção e exploração dos seus semelhantes e da natureza.
5. O texto responde qual será o resultado para quem vive fazendo o mal: a fornalha ardente, imagem tirada do lixão da cidade, onde se queima continuamente os detritos; há alí um fogo permanente para se queimar tudo. Em Israel é um vale chamado GEENA, onde, na época dos reis, havia uma fornalha até para sacrificar os falsos deuses Moloch. Tal imagem indica o inferno, estado de quem desprezou o bem, de quem abandonou a Palavra de Deus, daqueles que fizeram opções por si mesmos. O fogo ardente se torna símbolo de exclusão e de condenação. No final, o que acontece aos que abandonaram a vida em comunhão com Deus é o resultado de uma auto-exclusão, de uma abandono a si mesmo. Deus não exclui ninguém e nem deseja que isso aconteça, mas respeita a liberdade de escolha de cada um. Negar que exista condenação significa negar a própria liberdade de escolha. Deus nos fez livres para dizer sim a Ele, mas infelizmente o não foi acrescentado pela limitação humana. O inferno não é, certamente, um fim, pois nosso único FIM é Deus. FIM no sentido de objetivo supremo, finalidade de nossa existência.
6. O inferno não é um lugar, mas um estado de alma; é uma situação que não será desfeita na vida daquele ou daquela que, livremente, desprezaram a salvação oferecida por Deus; não é um fogo material, mas o queimor na alma, uma angústia sem medidas, uma solidão desesperadora, uma profunda falta de sentido, um vazio sem limites, uma vontade de morrer absurda sem condição nenhuma de morte, um ódio tremendo a si mesmo, mas sem condições de auto-destruição.
7. Quanto ao doutor da Lei, comparando-o ao pai de família, Jesus ensina que a educação dos filhos se dá mediante a transmissão de tudo aquilo que os pais aprenderam de bom na vida. Os filhos aprendem com a sabedoria dos pais. O mesmo deve ser feito pelos doutores da lei. Eles estudaram a Lei de Deus, aprenderam a verdade sobre Deus a partir do AT, são especialistas nas Sagradas Escrituras do AT. Devem eliminar tudo isso depois do encontro com Jesus? Não, absolutamente. Pelo contrário, devem conceber todo seu aprendizado como preparação para o NOVO que acabaram de conhecer, a fim de entenderem melhor o NT e seguirem firmes, bem enraizados com as coisas “velhas e novas”, isto é, com o Antigo Testamento e a realização dele no Novo Testamento, por meio de Jesus Cristo, que, uma vez encontrado, não despreza a Lei e os profetas, mas os conserva e os plenifica na continuidade do projeto de Deus realizado absolutamente em Cristo.
8. E quanto a você, já teve uma feliz oportunidade com Jesus Cristo? Já percebeu que o mundo chama de valor tudo aquilo que é descartável e descarta tudo aquilo que tem valor em si mesmo? Já foi capaz de renunciar a tudo para ficar exclusivamente com Jesus Cristo? Quem é seu tesouro mais importante? Você costuma colocar alguma coisa ou pessoa no lugar de Deus? Se já é cristão ou cristã, costuma dar o primeiro lugar do seu dia à Palavra de Deus? Costuma fazer o bem? Procura colocar a vontade de Deus em primeiro lugar? Logo cedo, costuma dizer a Jesus que Ele dite a você o que deve ser vivido naquele dia? Você acha que está longe ou perto do TESOURO oferecido por Deus?
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo

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