Mt 23,13-22
1. "Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas"; "Ai de vós guias cegos". Três vezes, nesse texto, num total de sete, Jesus condena as atitudes dos líderes de Israel. A expressão "Ai de vós" indica um juízo de condenação sobre quem ensina uma coisa e vive outra, alguém que aparece com uma face e age com outra. O contratestemunho é uma forma de impedimento à conquista do reino de Deus, é algo que destrói a si e ao outro. O hipócrita procura mudar as pessoas não para Deus, mas para ele, para satisfação pessoal, servindo-se delas em coisas hostis à salvação. A hipocrisias é um cegueira, é um "apagão" na fé, na verdade e no amor; é uma espécie de corrosivo que atinge o núcleo da personalidade, tornando a pessoa indiferente ao essencial. Os olhos hipócritas enxergam apenas o acidental: o ouro e não o Templo, a oferta e não o Altar. O hipócrita, na verdade, busca a "riqueza" do mundo: ouro, fama, nome, status, aplausos, entre outras coisas. O fim, para esse tipo de gente, se não se converte, é o afastamento total de Deus.
2. Tudo isso serve não só para os fariseus hipócritas, mas para toda a comunidade cristã. Cada batizado é chamado a um verdadeiro encontro com Jesus Cristo, é convidado a uma vida nova absolutamente. Para um discípulo de Jesus, o essencial é a vida segundo a verdade, o amor e a verdadeira fé, não qualquer tipo de fé ou mesmo de credo, mas a fé no Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo, a fé como ADESÃO DA PESSOA TODA A DEUS E À SUA OBRA.
3. Interessante observar, principalmente diante de muitos que dizem crer, que a fé não é a formação de grupos individualistas, radicalistas, formação de "guetos fiduciais". Quem assim age, cria não um ambiente de vida, mas de morte, não de fé, mas de fanatismo. O fanático não crer em Deus, mas em si mesmo; é um manipulador da verdade; ele abre espaço ao terrorismo, condena todos os que não pensam do jeito dele e manda todos para o inferno. A criação de seitas é já um princípio de fanatismo e, por isso mesmo, de desequilíbrio na expressão da fé.
4. O desafio dos discípulos de Cristo é tornar cada vez mais clara a missão de Cristo na terra, prescindindo de tudo aquilo que não condiz com a vontade de Deus nem com a transformação da pessoa humana. O discípulo de Cristo é visto onde se planta amor, onde brilha a verdade, onde existe o equilíbrio da fé, onde todos são respeitados, onde o interesse de salvar não se mostra com a máscara de julgamento fanático, mas com a capacidade de doar a própria vida, onde não se manda ninguém para a geena, pelo contrário, abraça a morte para salvar o outro. O discípulo deve ser Cristo presente na história.
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo
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