CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

sábado, 26 de agosto de 2017

O DOMINGO

Mt 16,13-20
1. "E vós, quem dizeis que eu sou?". Jesus não quer saber de uma definição científica sobre Ele, não quer conceitos sobre sua pessoa. Ele já conhecia a forma de pensar dos que mataram os profetas antes DELE, também já sabia do que o ser humano é capaz de fazer com o poder nas mãos. Nesse texto, o que LHE interessa é a adesão dos Seus discípulos a Ele e à sua obra. O conhecimento por si só não diz nada, não eleva ninguém. Muitas vezes serve somente para enganar quem conhece na ilusão de um universo de orgulho e auto-suficiência. Não é esse tipo de conhecimento que serve na descoberta de Jesus. Aqui trata-se de uma experiência na intimidade de uma vida de encontro, de abertura à ação de Deus e de fé. Os apóstolos viviam com Jesus, escutavam-NO, aprendiam DELE, viam Seus milagres e experimentavam Sua ação misericordiosa. A vida de Jesus com eles era a mais perfeita escola de vida e fé. Então, confirmar o que dizem sobre ELE não significa nada, pois o que dizem não condiz com a realidade mesma do Mestre. O conhecimento da realidade de Jesus exige experiência pessoal e entrega de si mesmo, renúncia da mentalidade mundana e acolhida da lógica de Deus.
2. "Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo" (συ ει ο χριστος ο υιος του θεου του ζωντος). Pedro diz a verdade sobre o Mestre, mas desconhece a profundidade dessa afirmação. De fato, ela foi professada por inspiração de Deus. Pedro não imaginava Jesus como Messias segundo o pensamento de Deus, mas segundo a mentalidade dos judeus. Mesmo assim, Jesus respeita sua afirmação e, ainda, dentre as 44 bem-aventuranças do Novo Testamento, dedica uma a Perdo: “Bem-aventurado és tu Simão, filho de Jonas…”. Na afirmação de Pedro estão presentes dois pontos cruciais para a fé: o Messias (o Ungido) e, também, o Filho de Deus. O termo Filho, no original grego, vem precedido do artigo definido, indicando que somente Jesus é o Filho por antonomásia, isto é, por essência. Desde toda eternidade, Ele é o Filho. Daí porque essa revelação só podia realmente ter vindo do Pai. O ser humano seria incapaz de intendê-la. Uma demonstração da incompreensão de Pedro, apesar da proclamação de fé realizada, dá-se no final do texto, quando Jesus disse que iria sofrer muito e morrer por parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos mestres da Lei, mas que ressuscitaria no terceiro dia, Pedro, se manifesta e, mais uma vez, demonstra desconhecer o tipo de Messias que era Jesus. Nas duas colocações de Pedro, apresenta-se uma tremenda ignorância sobre a Pessoa e missão do Salvador.
3. Por sua vez, Jesus não desiste da missão que deseja realizar através dele: (συ ει Πετρος και επι ταυτη τη πετρα οικοδομησω μου την εκκλησιαν και πυλαι αδου ου κατισχυσουσιν αυτης) "... tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la" ( Mt 16,18, Lc 22,31-32; Jo 21,15-17). Simão é chamado de Πετρος, que não é a mesma coisa de πετρα. Πετρος é traduzido como pedra, mas não como rocha. A língua grega faz essa diferenciação, utilizando πετρα para se referir ao termo rocha. Isso significa que não é Pedro a ROCHA, mas Cristo. Dessa forma, a palavra ROCHA estará sempre ligada a Jesus Cristo e, por causa DELE, à FÉ, como adesão total a Ele. A rocha sobre a qual Cristo construiu Sua Igreja não é a figura humana de Pedro, mas a FÉ inabalável em Jesus Cristo como o “Messias, Filho de Deus”, o Deus feito carne, a Pedra angular da salvação. Não se diz qualquer forma de fé, mas a FÉ professada por Pedro. Isso significa que professar a verdade sobre Jesus Cristo exige participação na realidade DELE. Daí porque Simão tornou-se também ele Πετρα (pedra), com a missão de justificar na fé e ser cabeça visível do rebanho do Senhor. Cristo é a Rocha viva, e os batizados somos “pedras vivas no edifício espiritual, que é Cristo”.
4. E as portas do inferno não prevalecerão sobre ela (και πυλαι αδου ου κατισχυσουσιν αυτης). O termo porta designa segurança para um ambiente e não ataque ao outro. Nesse sentido, não a porta que atacará a Igreja, mas os seguidores de Cristo que deverão destruir as portas de tudo que conduz à morte. Se há uma referência ao sheol, também indica toda uma cultura de morte, de soberba e corrupção estabelecida no meio da humanidade e que se pretende permanecer como tal, mantendo-se «segura» segundo a técnica da manipulação, falsificação e ilusão de pessoas preparadas para um discipulado desumano. As portas do inferno nunca prevalecerá sobre a Igreja porque o poder de Jesus Cristo age de tal modo nela que os discípulos DELE, mediante o dom da FÉ, como adesão total à Sua Pessoa e obra, serão capazes de derrotar todas as formas de cadeias malignas desse mundo mortífero. Cristo já destruiu a morte com Sua Ressurreição. Nós, como autênticos discípulos, faremos o mesmo. O dom da Fé, rocha do alicerce eclesial, triunfará com o auxílio do Espírito de Deus. Nenhuma corrupção se sustentará diante de homens e mulheres apaixonados por Jesus Cristo, a Verdade Absoluta.
5. O poder das chaves foi dado a Pedro especialmente. Jesus confiou a Pedro uma autoridade específica: "Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: o que ligares na terra será ligado nos Céus, e o que desligares na terra será desligado nos Céus" (Mt 16,19). O "poder das chaves" designa a autoridade para governar a casa de Deus, que é a Igreja. Jesus, "o Bom Pastor" (Jo 10,11), confirmou este encargo depois de sua Ressurreição: "Apascenta as minhas ovelhas" (Jo 21,15-17). O poder de "ligar e desligar" significa a autoridade para absolver os pecados, pronunciar juízos doutrinais e tomar decisões disciplinares na Igreja. Jesus confiou esta autoridade à Igreja pelo ministério dos apóstolos e particularmente de Pedro, o único ao qual confiou explicitamente as chaves do Reino (CIC, 553). Em Mt 18,18, o poder das chaves também é dado aos demais apóstolos.
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo

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