CAMOCIM CEARÁ

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.(Mt.5)

sábado, 16 de junho de 2018

VIVAMOS PARA O SENHOR

        O Reino de Deus não depende dos esforços humanos para se desenvolver. É da vontade de Deus formar discípulos decididos em anunciar o seu Reino, lutar pelo seu estabelecimento, tê-LO presente, mas cabe somente ao Senhor o seu crescimento. O homem lança a semente, mas espera que a terra faça a sua parte. A ele cabe simplesmente limpar, cuidar, mas sem nenhuma participação interna na planta. Se bem que essa atitude de cuidado está ligada a nossa cultura, porque no contexto de Jesus, o comum era lançar a semente e voltar lá somente no período da colheita. O Reino de Deus se desenvolve misteriosamente segundo os desígnios do mesmo Deus.
2. O Reino começa muito insignificante, do tamanho de um grão de mostarda, quase sem valor nem expressão (cf. também em Ez 17,23-24). Assim como aconteceu com a vinda do Verbo Divino, feito uma criança, simples, pobre, rejeitada pela sociedade, e sem expressão. O mesmo deu-se com os primeiros discípulos, homens pecadores, pobres, o "resto de Israel". Uma vez sendo lançada na terra, a semente brota, cresce e se torna a maior de todas as hortaliças, conforme se pôde observar nas colinas do mar da Galileia, onde as hortaliças atingiam até mesmo um pouco mais de 3m de altura. O mesmo com relação a Jesus e seus discípulos. Uma vez agindo, totalmente aberto para Deus, mediante a "Seiva" de Deus, seu poder, o Espírito Santo, desenvolve-se e torna-se universal (simbolizado pelas aves: as nações, nos seus ramos) aquilo ou aqueles que eram tão diminutos aparentemente ou mesmo de modo real. Há um verdadeiro convite à esperança e à confiança, fundadas na fé e não em cálculos e invenções humanas.
3. A graça de Deus é quem age, a fim de que seu Reino se estabeleça e seja o lugar necessário para a salvação de todos. Desde o seu início, por vontade de Jesus Cristo, a Igreja pede ao Pai que envie o seu Reino, caracterizado como Amor, Verdade, Justiça, Paz, Solidariedade, Compaixão, Perdão etc. Em outras palavras: Jesus Cristo é o Reino presente e atuante na história, no qual o amor se chamou OBLATIVIDADE (entregue totalmente para o bem do outro), a Verdade sendo Ele mesmo em pessoa, revelando-se como a verdadeira Vida, vivendo em solidariedade extrema, compadecendo-se de todos, realizando a justiça do Pai, perdoando a todos os que se convertiam de verdade e proclamando a Paz. É Ele, inclusive, a nova forma de se enxergar a realidade do mundo, a nova forma de pensar a humanidade e seu futuro e o futuro de quem escolhe seguir decididamente Sua Palavra. Somente por Ele, haverá futuro, isto é, haverá frutos e colheita, mas também com a participação histórica, livre e responsável dos Seus seguidores.
4. Dos três grupos que lhe "seguiam": os discípulos, a multidão e os escribas e fariseus, somente os que a Ele acorriam com verdadeira fé é que se revelava o sentido das parábolas, da mensagem do Reino, da verdade sobre Deus e sobre o homem. Em outras palavras, para se chegar a um maior entendimento de Deus é necessário tornar-se discípulo de Jesus Cristo, ser amigo dele, viver em sua intimidade e largar a lógica do mundo, abrindo-se inteiramente aos Seus ensinamentos. A multidão não consegue viver dessa forma, pois muitos buscam apenas seus interesses; da mesma forma os escribas e fariseus, que queriam sempre uma oportunidade para destruir Jesus diante de todos. Na verdade, eles cegaram diante do mistério da presença do Verbo de Deus, não conseguindo enxergar o Messias esperado e, por meio dEle, a presença do Reino de Deus. De fato, quanto à expectativa da vinda do Messias, foram impacientes, violentos e orgulhosos, apegados às formas humanas de convencimento, como lógica, domínio da palavra, discursões apologéticas, triunfalismo, praticismo e precisões geográficas, matemáticas e quantitativas, e, por último, autoconfiança. Jesus ensina o contrário: paciência, comprometimento, no sentido de ser desprendido e totalmente disponível à vontade de Deus, confiança e humildade. O discípulo deve se alegrar por fazer parte desse Reino e, ao mesmo tempo, ser seu instrumento.
5. É necessário superar a impaciência dos zelotes e os cálculos dos que formavam o grupo dos apocalípticos. Jesus não estava estimulando uma calma passavimente contrária à obrigatoriedade de uma verdadeira tomada de decisão e coragem para superar os tempos difíceis, mas dando aos discípulos esperança e confiança, expressão de fé num contexto de frieza espiritual e perseguições. Como aos discípulos e à comunidade de Marcos, o texto também nos fala hoje diante de um mundo indiferente a Deus e à sua obra, à verdade e à vida, a tudo aquilo que diz respeito ao bem maior do ser humano. Mais do que nunca, precisamos aderir totalmente a Deus, conhecê-LO o mais profundamente possível através de Jesus Cristo, esperar NELE e, repletos de confiança, colocar todo o nosso ser à disposição de Sua vontade. Envolvido na causa do Reino, tornar nossa realidade de corpo e alma um autêntico instrumento da salvação.
Um forte e carinhoso abraço.
Padre José Erinaldo

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